Governador do passado tentar nos engabelar novamente
Fico surpreso em ver o velho Paulo Souto falar em "atenção especial ao semiárido", justamente no período de campanha eleitoral. Uma surpresa que, sem dúvida não se abate apenas sobre mim, mas encasqueta a todo e qualquer cidadão do Semiárido sensato.
Muitos, da mesma forma que eu, devem agora se perguntar: esse que fala em defesa do Semiárido, não é aquele mesmo senhor que, quando governador, relegou o Semiárido baiano ao esquecimento? Será que esse é o mesmo Paulo que se limitou a dar continuidade a velha política de "combate a seca" e que, na prática, resumiu suas ações a atividades paliativas que apenas geraram dependência e não estruturaram nosso Semiárido?
Não Paulo. O povo do semiárido não esquece. Não esquece os tempos em que nossos municípios sofriam com a falta de investimentos; de políticas públicas adequadas à sua realidade. Não se esquece daqueles poucos investimentos públicos, destinados um punhado de poucos privilegiados. Não. Nosso povo não voltará ao tempo do sucateamento da nossa infraestrutura, produção e vigor cultural. Tampouco poderá esquecer o quanto era penoso viver na Bahia do atraso, da política do carro pipa; do arrocho da agricultura familiar.
Hoje, mais do que nunca, temos obrigação de lembrar, como se ontem fosse, como era tratado o interior baiano durante a gestão do passado: estradas em péssimo estado de conservação, agricultoras e agricultores familiares relegados ao ostracismo, ausência de políticas públicas estruturantes... Constatar que o contraste com o presente é flagrante. Hoje se multiplicam projetos sociais de convivência com o semiárido e grande obras, como a adutora que leva água do São Francisco a Irecê, mostram como realmente se faz um governo legitimamente em favor da "convivência com o Semiárido".
Trabalhos importantes como o que hoje desenvolve a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e combate à Pobreza, não são coisas do seu tempo, Paulo. Hoje, a SEDES dentro do Programa Água Para Todos, é referência na implementação de dezenas de milhares de tecnologias sociais que captam e guardam água da chuva e que geram oportunidades a agricultoras e agricultores familiares em todo o Estado. Hoje se pode falar que a Bahia dá oportunidade a quem sempre foi esquecido no semiárido, e esse é o patrimônio que queremos manter.
Por isso, somos obrigados a relembrar: antes de falar em trabalho pelo semiárido, é preciso que se mude todo um pensamento que, ainda hoje, se apóia em ideias atrasadas sobre o sertão. Queremos o novo. Ansiamos pela continuidade do progresso e, aprendendo com as lições que ficaram na história do nosso povo, vamos afastar completamente os discursos demagógicos de quem diz se preocupar com o sertão, mais que, no fundo, nada mais é que a expressão da continuidade de uma política que enxerga o povo do Semiárido de cima para baixo, subestimando sua capacidade e inteligência...
Mário Jacó
